quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Jóia da coroa do rei do pop, Thriller faz 25 anos



Álbum com maior vendagem da história revolucionou o mundo da música, inventou novas maneiras de se veicular o som e deixou rastros estéticos que perduram até hoje. Completando um quarto de século, o título volta às lojas em edição especial de luxo


Chico Felitti

Antes de Michael Jackson ser uma figura andrógina, albina, falida e com predileções sexuais altamente questionáveis, ele já foi grande. Enorme. Tão colossal que inclusive era referido como rei do pop por todo mundo.


Parece que faz tempo, não? E efetivamente faz: o diamante da coroa foi lançado em dezembro de 1982, ou seja, há 25 anos.


Como 9.125 dias dão uma esmorecida até na memória mais afiada, é válido relembrar os porquês da importância de Thriller.



Sonzinho novo?Um vocal prodigioso - fino e potente o suficiente para alcançar descompromissadamente os "ri-riiis" que se espalharam pelo mundo -, combinado com participações mais que especiais - vide a guitarra de Eddie Van Halen -, instrumental de ritmo frenético - com direito a um onipresente tecladinho de fundo - e letras meio sem sentido, mas que se afixavam a qualquer cabeça.


Esta foi a combinação básica que fez de Thriller o maior sucesso da indústria musical.


Desnecessário ressaltar a importância do contexto e dizer que o long-play, na realidade, é a pura transcrição dos anos 80 para um CD, coisa que a vivacidade de seus singles confirma.
Máquina de fazer hits


Em sua primeira versão - a que vendeu que nem pão quente e mudou paradigmas -, Thriller continha apenas nove faixas, número baixo se tratando de um álbum pop.


Foram sete faixas dentre as mais tocadas: "Wanna Be Startin' Somethin'", "Beat It", "Billie Jean", "P.Y.T. (Pretty Young Thing)", "Baby Be Mine", "The Girl Is Mine" e a própria "Thriller", como não poderia deixar de ser.



Além de cravar suas lascas em toda e qualquer parada dos anos 80, Thriller também entrou para o inconsciente coletivo musical.


Prova maior é o número de covers que suas músicas ganham até hoje. Não faz nem seis meses que Amy Winehouse gravou "Beat It" e Chris Cornell foi de "Billie Jean".


Releituras e homenagens abundam numa geração completamente nova, provando que mesmo extremamente bem-sucedido, o disco que vendeu 100 milhões de cópias continua com sonoridade fresquíssima.


A mãe de todos os videoclipes"Dadas as minhas convicções pessoais, desejo frisar que este filme não endossa de nenhuma maneira uma crença no oculto", tradução da frase que abre o antológico clipe de terror Thriller


Mais do que um videoclipe, a faixa "Thriller" ganhou um curta-metragem sombrio para sua veiculação televisiva. Com roteiro complexo - que inclui uma série de sonhos matriuska, um dentro do outro -, sem-número de efeitos especiais, mortos que rompem suas tumbas e invadem a cidade e o maior orçamento e tempo de duração da história da música até então, Thriller foi um fenômeno.


Está certo que a atuação não é o forte de Michael - vide sua interpretação de garoto do time de futebol americano pedindo a menina em namoro, logo no início -, mas ele compensa na coreografia. A dança com zumbis e sua jogadinha de ombro certamente estão entre as cenas mais famosas da cinematografia.



Além do apuro estético e da produção impecável, o grande mérito deste clipe foi inaugurar um novo jeito de se veicular música. Agora que clipes tinham grande apelo imagético, a TV podia passar a transmitir música. Nesta época (1984), a MTV engatinhava, e foi o leite de "Thriller" - e outros clipes de Jackson no mesmo molde - que nutririam o prematuro canal.



O mesmo álbum, só que diferente


A versão comemorativa, que chega às lojas em fevereiro de 2008, trará o conteúdo do disco original, com adição das faixas suprimidas e remixes de artistas contemporâneos para as músicas clássicas: Will.i.Am, líder do Black Eyed Peas, entra no remake de "The Girl Is Mine", "P.Y.T." e "Wanna Be Startin' Somethin", ao lado de Akon. Além destes dois rappers, Kanye West - o maior fenômeno musical de 2007 - ganhou o direito de bolir com "Billie Jean" e trazer a história da mina que aplica o golpe da barriga para o terceiro milênio. Outra possível participação é a da popozuda Fergie.


Passando da seara estritamente musical, Thriller 2008 virá acompanhado por um DVD com momentos memoráveis da ex-majestade, como a apresentação em que mostrou o moonwalk pela primeira vez e os videoclipes que causaram mais rebuliço em sua história - parando em "Black and White", já que, atualmente, Michael só causa comoção com sua vida pessoal.


Infelizmente, o rei foi deposto. Mas não custa lembrar do seu generoso reinado de vez em quando - nem que seja apenas nas datas redondas como esta.


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