Nasceu a 23 de Julho de 1944 em Lisboa e, logo que conseguiu sustentar-se de pé, aprendeu a tocar piano.
Aos cinco anos deu o seu primeiro recital e aos sete já tocava em público obras de Mozart.
Com nove anos recebeu o prémio da Juventude Musical Portuguesa.
A partir de 1953 e até 1960, sob a orientação do professor Campos Coelho, estuda no Conservatório de Lisboa, prosseguindo o tirocínio musical na Alemanha, em princípio na Musikakademie de Munique, com Rosl Schmid, e depois em Hannover, com Karl Engel.
Em 1970 destaca-se internacionalmente ao vencer o concurso do bicentenário de Beethoven, que se realizou em Bruxelas. O seu percurso distingue-se pelas numerosas digressões que efectuou, ao longo do qual interpretou obras de Bach, Beethoven, Schumann, Schubert, Mozart, Brahms, Chopin e muitos outros compositores dos períodos clássico e romântico.
Convidada com regularidade pelas grandes orquestras mundiais para tocar nas melhores salas de concerto, apresentou-se na Europa, Canadá, Japão, Israel e nos Estados Unidos.
Tem desenvolvido uma actividade assaz frequente tanto a nível individual - recitais, concertos, gravações - como em música de câmara. Dos numerosos êxitos discográficos, destacam-se as gravações "Moonlight", com Sonatas de Beethoven, "Le Voyage Magnifique", integral dos Impromptus de Schubert, Nocturnos e outras obras de Chopin, os Trios de Mozart, com Augustin Dumay em violino e Jiang Wang em violoncelo.
Distinguida com o Prémio Pessoa em 1989, dez anos adiante concebe e funda o Centro de Belgais, um complexo para o Estudo das Artes, no concelho de Castelo Branco, que de imediato passou a dirigir com abrangente cariz pedagógico, cultural e social.
INESPERADO E SURPREENDENTE DESFECHO
Ilacções sobre Portugal actual
Há dias, em declarações proferidas a uma estação de rádio, Maria João Pires revelava: "Vim para o Brasil, vim para a Bahia, para me salvar um pouco dos malefícios que Portugal me estava a fazer", acrescentando que foi num "momento de grande coragem" que tomou a decisão de comprar casa naquele estado do Nordeste brasileiro, chegando mesmo a dizer que não foi para descansar, mas para "respirar", porque "estava a ser vítima de uma verdadeira tortura e já não aguentava".
Há dias, em declarações proferidas a uma estação de rádio, Maria João Pires revelava: "Vim para o Brasil, vim para a Bahia, para me salvar um pouco dos malefícios que Portugal me estava a fazer", acrescentando que foi num "momento de grande coragem" que tomou a decisão de comprar casa naquele estado do Nordeste brasileiro, chegando mesmo a dizer que não foi para descansar, mas para "respirar", porque "estava a ser vítima de uma verdadeira tortura e já não aguentava".
A pianista foi operada ao coração em Março e por consequência viu-se forçada a cancelar todos os programados concertos que tinha em agenda. O maestro António Vitorino d Almeida afirmou compreender a decisão da pianista, referindo que Portugal "trata mal as pessoas que têm valor". Disse ainda que "foram prometidos mundos e fundos a Maria João Pires e depois faltaram-lhe ao prometido". "Tiraram-lhe o tapete", concluiu. Também Vasco Pierce de Azevedo, maestro da Sinfonieta de Lisboa, observou que, em Portugal "não se liga à cultura".
Na mesma linha, o maestro Pedro Ferreira, da associação Miso Music, disse que no nosso país "os artistas são ignorados pelas instituições e pelos públicos". "Ficámos indubitavelmente mais pobres com a sua partida" é o desabafo do Partido Ecologista "Os Verdes", cujos dirigentes não ficaram surpreendidos com a decisão de Maria João Pires.
Numa nota enviada às redacções, o partido refere que em Portugal "a cultura não tem o lugar que merece" e "o ruído parece ser mais importante que o som, que a música". "Os Verdes" consideram que "o Estado tem responsabilidades sérias quando estão em causa a educação artística e musical", realçando que o projecto de Belgais "se destacou pela sua filosofia da educação".
António Torre da Guia
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